Explicando a obsessão japonesa - Pachinko

Para quem andar no centro de Tóquio, vai ficar praticamente surdo com o barulho das centenas de máquinas gritando e com os milhares de rolamentos de bolinhas explodindo em todas as direções.
Posso descrever o Pachinko, como em parte sendo um fliperama, em parte um jogo de aposta e em grande parte, barulho.
Mas o que torna o Pachinko popular e como se joga?
Antes de responder, quero falar um pouco sobre a origem. Com suas raízes em Chicago, no início do século XX, quando os fabricantes de jogos começaram a vender o jogo “Corintho”, uma versão infantil do pinball “Bagatelle”.

No década de 1920 o jogo chegou na Ásia, tornando-se um sucesso no Japão, sendo um item básico em lojas de doces, como uma forma de fazer as crianças permanecerem ali se enchendo de mais doces. Logo ganhando o apelido de “pachi pachi”, uma onomatopeia que se referia aos sons e estalos do jogo.
Foi na década de 1930 que o jogo atinge o publico mais velho, quando a mesa passou a ficar na vertical e ficou maior. E durante a 2ª Guerra a maioria da máquinas foi transformada em metal para o esforço de guerra.
Voltando para a pergunta; foi no final da 2ª Guerra que o pachinko realmente se tornou popular, com o aumento das fábricas de bolinhas pelo país, e com o setor de entretenimento ávido para ser preenchido, nesse cenário não demorou muito para popularização do pachinko.
Falando sobre como se joga, na maioria dos salões de pachinko, cada bolinha custa 4 ienes, e os jogadores depositam 500 ienes nas máquinas em troca de 125 bolas.
Nos primeiros 30 anos, as máquinas eram muito mecânicas e tudo dependia da força que você fazia na alavanca, isso determina a direção da força exercida nas bolinhas, usando essa alavanca você dispara elas pela máquina, com o objetivo de acertar a “caçapa”, também conhecida como “start chucker”, que ativa o prêmio jackpot, e um monte de bolinhas descem a mesa, caindo em seu recipiente, e no final do jogo você resgata o prêmio com suas bolinhas.
Quanto mais bolinhas você tiver, maior o prêmio.
No final dos anos 80, as máquinas passaram a ser eletrônicas, e foi nesse momento que as coisas ficaram coloridas e barulhentas. Desde então o jogo ficou mais complexo.
O objetivo de acertar de acertar as bolinhas no “start chucker’” permanece, mas isso abre mais caçapas para mirar e aumentar seu prêmio, ativando alguns mini-games malucos.
Há mais por trás do monte de bolinhas e do arranjo de cores, o pachinko, é de longe o maior mercado de apostas do Japão; jogos de apostas são tecnicamente proibidos, mas os salões de pachinko deram um jeito de se esquivar disso. No final de uma partida você ganha um cupom ou ticket, dependendo da quantia dos seus ganhos. Você pode então ir embora, pelos fundos do prédio, ou ir a uma rua próxima, onde em um guichê pode trocar os tickets por dinheiro, como fica num prédio separado, as leis contra jogos de apostas são dribladas.
Como falei no inicio do artigo, estamos falando de um mercado de 200 bilhões de dólares, isso representa 4% do PIB japonês, esses salões tem regras bem rigorosas, bem semelhante com as presentes em cassinos, como por exemplo a proibição de filmar ou fotografar o interior dos salões.
Na contramão, existe um movimento crescente para pôr abaixo a imagem do pachinko como jogo de azar, onde você não pode trocar seus ganhos pro dinheiro e sim convertê-los em prêmios, como comida, doces, brinquedos, ou o saque típico do local como em alguns salões na província de Gifu, nos alpes japoneses. O intuito desse movimento é passar a mensagem de que o pachinko não se trata de dinheiro, mas na verdade um jogo divertido.
Na visão de Natsuki, um jogador veterano, o que torna o pachinko tão popular, é a sensação de testar a sorte, seja na vidência pelo omikuji (tiras de papel, ou pela loteria. Mais recentemente, as lojas de conveniência tem os “gashapons”, onde você nunca sabe o que vai conseguir, no pachinkp tem a emoção de conseguir ou não mais bolinhas naquele dia.
Os estabelecimentos que seguem essa nova tendencia e por estar numa região turística, os ambientes contam com um restaurante onde os cliente s podem socializar, comer e beber seus prêmios, e para os estrangeiro, há instruções detalhadas como aprender e dominar pachinko.
Outra diferença, é que aqui as bolinhas custam 1 iene cada, na maioria dos lugares, cada bolinha custa 4 ienes, pelo preço ser maior a quantidade de bolinhas é menor, sendo assim você perde a noção do quanto está gastando, mas com o preço a 1 iene você tem mais bolas com menos dinheiro.
E com toda essa popularidade, empresas sempre buscam atingir novos públicos, com a modernização do mecânico para o eletrônico, empresas começaram a produzir maquinas temáticas de animes, bandas e heróis de tokusatsu, chegando em alguns casos essas máquinas exibirem material exclusivo.
Comentários
Postar um comentário